31 de maio – Festa de Pentecostes


"A partir do dia seguinte ao sábado, o dia em que vocês trarão o feixe da oferta ritualmente movida, contem sete semanas completas. Contem cinquenta dias, até um dia depois do sétimo sábado, e então apresentem uma oferta de cereal novo ao Senhor. Onde quer que morarem tragam de casa tragam dois pães feitos com dois jarros da melhor farinha, cozidos com fermento, como oferta movida dos primeiros frutos ao Senhor. Junto com os pães apresentem sete cordeiros cada um com um a no de idade e sem defeito, um novilho e dois carneiros. Eles serão um holocausto ao Senhor, juntamente com as suas ofertas de cereal e ofertas derramadas; é oferta preparada no fogo, de aroma agradável ao Senhor. Depois sacrifiquem um bode como oferta pelo pecado e dois cordeiros cada um com um ano de idade como oferta de comunhão. O sacerdote moverá os dois cordeiros perante o Senhor como gesto ritual de apresentação juntamente com o pão dos primeiros frutos. São uma oferta sagrada ao Senhor e pertencem ao sacerdote. Naquele mesmo dia vocês proclamarão uma reunião sagrada e não realizarão trabalho algum. Este é um decreto perpétuo para suas gerações onde quer que vocês morarem. Quando fizerem a colheita da sua terra, não colham até as extremidades da sua lavoura, nem ajuntem as espigas caídas da sua colheita. Deixem-nas para o necessitado e para o estrangeiro. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês.” (Levítico 23:15-22)

Cronologicamente, a quarta festa judaica é chamada Shavuoth em hebraico, o que significa "Festa das Semanas", pois da Festa das Primícias até a Festa dos Pães das Primícias (Pentecostes) deviam ser contadas sete semanas, ou seja, cinquenta dias (em grego, cinqüenta é "pentekosté"). Essa festa é como um elo entre as três festas da primavera (páscoa, primícias e pães asmos) e as três do outono (trombetas, expiação e tabernáculos).

Também essa festa tem ligação com o ministério de sacrifício e com a agricultura e, assim como a terceira festa, era uma celebração da colheita. Nessa época de ano a sega de cereais estava praticamente concluída em Israel, e já era possível fazer pães com o novo cereal. Quando o templo ainda existia, isso aparentemente não era permitido antes que dois pães tivessem sido movidos perante o Senhor como sinal de agradecimento pela benção da nova safra.

Hoje os judeus celebram-na também como "Festa da Promulgação da Lei no Sinai", pois, conforme a tradição, passaram cinquenta dias entre a saída do Egito e a promulgação da Lei no Sinai. Em Êxodo 19:1-2 está escrito que os israelitas chegaram ao deserto do Sinai no primeiro dia do terceiro mês depois da saída do Egito. O êxodo dos judeus do Egito para a Terra Prometida deu-se no 15° dia do primeiro mês e, somando-se os 30 dias do segundo mês, temos 45 dias. Portanto, eles chegaram ao Sinai na primeira semana do terceiro mês.

O significado profético e simbólico do Pentecostes

O significado profético e o cumprimento da simbologia dessa festa na Igreja do Novo Testamento é muito bonito e pertinente. Antes de subir ao céu, Jesus disse a Seus discípulos que eles não deveriam ausentar-se de Jerusalém até que se cumprisse a promessa do Pai (At. 1:4). Ele também poderia ter dito: "Permaneçam em Je¬rusalém até o Pentecostes, quando a promessa se cum¬prirá". Mas como Ele não lhes disse nada exato, com um pouco de fantasia e lógica os discípulos poderiam ter feito os cálculos de que a promessa poderia vir a cumprir-se no dia de Pentecostes, pois duas coisas já haviam se cumprido com exatidão dentro do simbolismo profético do Antigo Testamento: a morte de Jesus na tarde da Páscoa e Sua ressurreição no dia da Festa das Primícias. Esse cumprimento exato e marcante cer¬tamente tem algo a nos dizer sobre o cumprimento das três festas do outono que ainda faltam, embora Jesus tenha afirmado em relação aos acontecimentos dos tempos finais: "Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou para sua exclusiva autoridade" (At. 1.7).

Os acontecimentos espetaculares no dia de Pentecostes, como são relatados em Atos 2, encaixam-se perfeitamente na representação do Antigo Testamento. A semeadura da mensagem da salvação, em que Jesus re¬presentava a semente da Palavra de Deus, havia produzido os primeiros frutos maduros. Um dia após o discurso de Pedro houve um acréscimo de quase três mil pessoas à Igreja do Novo Testamento (At 2:41), como "primícias da nova colheita". Elas foram como que uma oferta de gratidão, uma oferta movida perante o Senhor. A partir daí, como diz a Escritura: “... acrescen¬tava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos” (At 2:47).

João 12:24 começou a tornar-se realidade: "Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto." O longo caminho percorrido pelo grão de trigo desde sua semeadura até tornar-se o pão saboroso - desde o momento de morrer na terra, de germinar e crescer na chuva, no vento e no frio, de amadurecer sob o calor do Sol, depois ser ceifado e debulhado, peneirado e moído, amassado e assado ao calor do fogo - nos mostra figuradamente as etapas da vida de Jesus. Mas elas também ilustram as etapas da vi¬da pessoal de todo crente, dos diferentes estágios pelos quais passamos até sermos aceitáveis perante o Senhor, como pães frescos e de aroma agradável, movidos perante Ele. Essa é realmente uma ilustração perfeita da vida de santificação daqueles que crêem em Jesus. Em Tiago 1:18 os crentes são chamados significativamente de "primícias das suas criaturas".

Mas também o segundo aspecto da festa, relacionado à promulgação da lei no Sinai, cumpriu-se de maneira profeticamente perfeita. No dia em que Israel se recor¬dava da promulgação da lei e da aliança no Sinai, Deus confirmou a Nova Aliança por meio do milagre do der¬ramamento do Espírito Santo em forma de línguas de fogo, acompanhadas do som de um vento impetuoso e do falar em outras línguas, provocando a perplexidade dos presentes. No Sinai o povo disse a Moisés: "Fala-nos tu, e te ouviremos; porém não fale Deus conosco, para que não morramos" (Êx 20:19). De modo semelhante está escrito em Atos 2:6-7: "Quando, pois, se fez ouvir aquela voz, afluiu à multidão, que se possuiu de perplexidade..." Depois que Pedro havia falado a eles, no poder do Espírito Santo, sobre a morte e a ressurreição de Jesus Cristo, sobre o Seu poder divino, Seu domínio eterno e a salvação em Jesus, está escrito: "Ouvindo eles estas coisas, compungiu-se-lhes o coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos irmãos?" (v.37). Eles aceitaram as palavras de¬le, creram e foram batizados (veja Hb 12:18-24).

Assim, a Festa de Pentecostes cumpriu-se de maneira dupla dentro da simbologia profética. Primeiro pelo derramamento do Espírito Santo, com que foi selada a Nova Aliança em Cristo, e em segundo lugar pelo acréscimo de uma grande multidão de pessoas à Igreja da Nova Aliança. Nesse contexto é significativo que ao contrário do Sinai - fizeram-se ouvir muitas línguas diferentes. A Nova Aliança e sua mensagem, selada pelo Espírito Santo no Dia de Pentecostes, vale para todos os povos, línguas e nações, representados pelas muitas línguas faladas naquele dia. Deve-se enfatizar que não era um simples falar em línguas diferentes, mas que ali aconteceu o milagre ímpar de que cada um entendia em seu próprio idioma o que estava sendo falado. Esse também é um sinal de que a maldição da confusão de línguas, ocorrida em Babel, foi anulada através de Jesus Cristo: por meio do Seu Espírito Santo Ele derruba as barreiras entre as pessoas das mais diferentes raças, unindo os cristãos do mundo inteiro, mesmo que falem as mais diversas línguas!


Essa quarta festa, separada entre as três festas da primavera e as três festas do outono, é como um elo entre o começo e o fim dos tempos. Ela aponta para a Igreja de Jesus, que corporifica esse elo entre a Antiga Aliança e o irromper do Reino de Deus!
Nota:
Adaptado de As festas judaicas, disponível em português com a Chamada.

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