A concha quebrada



André voltou correndo à sala de aula. "Naturalmente esqueci minha blusa", murmurou ele. Ele tirou-a do cabide e passou rapidamente ao lado da escrivaninha em direção à porta. En­tão sua blusa ficou presa em algo, que caiu ao chão com mui­to barulho. André assustou-se: "Espero que não tenha sido uma das conchas do mar de Dona Nair Não pode ser!" Mas era era a concha mais bonita de toda a coleção. Ela havia pertencido antigamente ao seu pai. Dona Nair a tinha trazido à escola para mostrá-la aos alunos. André se lembrava bem do que ela tinha contado sobre essa concha. Tratava-se do invólucro da rainha das conchas do mar, a maior concha em uma só peça. Internamente ela era revestida de madrepérola rosada. Isto é, tinha sido. Agora ela estava caída no chão em muitos cacos.


Não havia ninguém na sala. Dona Nair devia ter voltado cedo para casa, e o zelador ainda não tinha chegado. "Ninguém nunca saberá que eu fui o culpado", pensou André. Rapida­mente ele deixou a escola e foi para casa.

Após o jantar veio Maurício, o melhor amigo de André. André havia tentado levá-lo junto para a escola dominical, mas até agora não havia conseguido convencê-lo. Maurício dizia que a igreja era somente para molengas e meninas. "A coleção de conchas de Dona Nair não é magnífica?", perguntou Maurí­cio. André teve que engolir em seco. "Sim, ela é bem interes­sante", admitiu ele. "Principalmente aquela concha grande, bonita", continuou Maurício. "Minha mãe tem algumas con­chas. Ela disse que se eu for cuidadoso, posso levá-las para mostrá-las a Dona Nair. Talvez ela possa dizer-me a que es­pécie pertence. "Ótimo!", André tentava parecer entusias­mado. "Vamos sair agora para jogar bola?" "Está bem", concordou Maurício.


Depois de algum tempo a mãe chamou André para a devoção familiar, que era sempre realizada antes da hora de dormir. Das outras vezes esse tempo com o pai e a mãe era uma alegria para André, mas hoje ele teria preferido ir logo para a ca­ma. Ele estremeceu quando seu pai leu Provérbios 28.13 na Bíblia: "O que encobre as suas transgressões, jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançrá misericórdia." Mas ele disse para si mesmo: "Eu não pequei. Não o fiz intencionalmente!" Parecia como se alguém estivesse dizendo: "Se não o admitires, então será como se estivesses dizendo que foi outro que o fez, e isso seria menti­ra." André ficou contente quando terminou a devoção e ele pôde ir para o seu quarto. Ele orou silenciosamente: "Querido Salvador, tu sabes que não quebrei intencionalmente a con­cha de Dona Nair. Por favor, ajuda-me a saber o que devo fa­zer! Amém."

Pela manhã André foi um pouco mais cedo para a escola. Ele esperava que Dona Nair estivesse sozinha, mas ouviu que ela falava com alguém. "Talvez vou ter que esperar", pensou André, mas algo lhe disse que ele deveria entrar agora mes­mo.

Ele entrou na sala. Maurício, que já estava lá para mostrar suas conchas a Dona Nair, falava com ela bem agitado: "Mas, Dona Nair, isso é terrível! E justamente a mais bonita de todas!" André sentia-se muito mal. "Dona Nair", come­çou ele, "quebrei ontem a sua concha. Não foi por querer! Eu tinha esquecido minha blusa e voltei para buscá-la. Quando saí, bati com a blusa na concha, e ela caiu."

Maurício e Dona Nair pareciam admirados, mas então Dona Nair disse: “lamento que ela esteja quebrada, André. Mas estou feliz porque foste tão honesto em dizê-lo para mim. Não vamos mais pensar nisso. “Oh. muito obrigado Dona Nair, suspirou André aliviado. Então, Dona Nair foi para seu escritório.

Maurício olhava para André cheio de admiração. “Se eu o tivesse feito, nunca poderia tê-lo dito a Dona Nair. Como conseguiu coragem para isso? “Eu não tinha coragem”, admitiu André. – “mas o Senhor Jesus me ajudou.”

Maurício ficou em silêncio por um minuto, e então disse: “Eu queria ser assim como você!”. “Mas você pode ser assim” – respondeu André. Se você permitir, Jesus Cristo quer entrar em sua vida para ajudá-lo. Porque não vem comigo a escola dominical para aprender mais sobre isso?

André estava satisfeito. A felicidade de ter pedido a Deus para fazer as coisas certas irradiava alegria em seu rosto, e todos podiam notar a diferença.


Essa interessante história de arrependimento, confissão e perdão foi publicada em um folheto com o mesmo título para evangelização de crianças e adolescentes. Me recordo de minha infância, quando das primeiras visitas a igreja ao participar de cultos infantis e de adolescentes (quando eu tinha apenas 8 anos!), eram distribuídos para o público infanto-juvenil no encerramento dos cultos, quando então o li pela primeira vez. Uma mensagem que, apesar da passagem do tempo, continua com a mesma essência e poder de transformação sobre a vida dos indivíduos que por ela são alcançados, crianças, adolescentes, jovens, adultos ou idosos.



Você ainda lembra das primeiras pregações que ouviu? Dos primeiros louvores que escutou e cantou? Dos primeiros folhetos que leu ou distribuiu, dos primeiros livros, da sua primeira bíblia? Embora o tempo traga mudanças na forma de se transmitir a mensagem, o desejo de Deus é que o discurso fundamental de sua palavra – a essência da mesma - seja mantido. Ele funcionou no passado, e ainda hoje continua a alcançar milhões.


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