Bonhoeffer – A corajosa voz antinazista

Passado 64 anos da execução pelos nazistas do pastor Dietrich Bonhoeffer (que se completarão dia 9 de abril), decidi dedicar um post especial em memória ao corajoso homem de Deus, que durante os sombrios dias da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto Judeu levantou a sua voz para defender a pureza do evangelho e estendeu suas mãos para defender os judeus do maior massacre da história. Que a história de Bonhoeffer possa nos levar a refletir sobre as possiveis influências políticas, sociais ou ideológicas sobre a igreja cristã e o papel que cada um de nós individualmente temos no Reino de Deus, não só em relação a sua palavra, mas também em relação aos menos favorecidos.
O Senhor sempre reserva seu remanescente. Nos perversos dias do Rei Acabe, deus tinha Elias e mais sete mil pessoas “... todos os joelhos que não se dobraram a Baal...” (1 Reis 19:18). E nos terríveis dias de Adolf Hitler, Ele tinha, entre outros, Dietrich Bonhoeffer.
Bonhoeffer era como uma voz que clamava naquele “deserto” da Alemanha Nazista. O teólogo e pastor, nascido na Alemanha estudou na Universidade de Berlim, em Tubingen e no Union Theological Seminary em Nova York. Após concluir seu doutorado e colar grau com honra ao mérito acadêmico, Bonhoeffer voltou a Alemanha e começou a fazer preleções sobre teologia e a Ensinar na Universidade de Berlim.
Bonhoeffer se opôs a Hitler desde o começo. Em janeiro de 1933, quando Hitler foi nomeado chanceler, Bonhoeffer tocou a trombeta de perigo iminente para todos que quisessem ouvir. Ele declaradamente denunciou a igreja estatal que incorporava o “parágrafo ariano” em sua declaração de fé oficial. Tal parágrafo proibia o acesso ao pastorado a todos os homens crentes em Cristo que fossem de descendência judaica ou que fossem casados com mulheres judias.
Bonhoeffer colaborou na criação daquela que, mais tarde, ficou conhecida como a Igreja Confessional, a qual desafiadoramente rejeitava a igreja governada pelo estado, igreja esta que dava apoio a Hitler. Embora a Teologia sustentada por Bonhoeffer possa divergir em alguns pontos da nossa teologia, ele, todavia, demonstrou grande coragem e amor ao Senhor ao se posicionar contra a onda impetuosa do fascismo e do sentimento antissemita e antijudaico.
Bonhoeffer fugiu da Alemanha em 1933 e exerceu o pastorado em Londres por cerca de dois anos. Porém, criou-se um vazio na Igreja Confessional da Alemanha e os novos pastores precisavam de treinamento. Diante do fato de que o estado controlava todas as universidades, Bonhoeffer começou a ensinar numa instituição de ensino clandestina, um seminário bíblico secreto nas proximidades de Berlim. 2 Bonhoeffer descobriu maneiras de treinar jovens pastores mesmo depois que o seminário dele foi fechado pela Gestapo. Ele também foi um ferrenho defensor do sofrido povo judeu e prestou auxílio para que um grupo desse povo conseguisse fugir para a Suíça.
Na realidade, a família de Bonhoeffer tinha precedentes históricos de ser corajosamente favorável aos judeus. A vovó Bonhoeffer desafiou os violentos soldados alemães num bloqueio que impedia as pessoas de ter acesso a uma região comercial judaica e, aos 91 anos de idade, desafiadoramente atravessou aquela barreira de obstáculos montada pelo exército.
Sua colaboração na fuga de judeus para a Suíça e sua postura pública extremamente franca contra Hitler e contra o regime nazista - aliadas ao envolvimento dele com a Abwehr, a agência militar de inteligência que tentou assassinar Hitler em 1944 - levaram Bonhoeffer à prisão como inimigo do Estado em abril de 1943. Seu irmão, Klaus, e seu cunhado, Hans Dohanyi, também foram presos, sob a acusação de tramarem uma conspiração contra o Estado e seu chefe. Bonhoeffer inicialmente ficou preso no campo de concentração de Buchen-wald. Mais tarde foi transferido para Flossenburg, onde foi executado, aos 39 anos de idade, em abril de 1945, três semanas antes que os americanos libertassem os prisioneiros daquele campo de extermínio.
O escritor Victor Shepherd fez o seguinte registro: "Atualmente, a árvore na qual ele foi enforcado exibe uma placa com a inscrição de apenas dez palavras: Dietrich Bonhoeffer, uma testemunha de Jesus Cristo entre seus irmãos".
Bonhoeffer foi um profícuo escritor. Muitos de seus livros foram publicados depois de sua morte. Na obra The Cost of Discipleship [O Custo do Discipulado], Bonhoeffer apresentou concepções bíblicas confiáveis e práticas sobre o seu amor pelo Senhor e sobre a maneira pela qual os servos do Senhor devem viver. Ele cria firmemente que "cristianismo sem discipulado sempre será um cristianismo sem Cristo. Continua a ser uma idéia abstrata, um mito que abre espaço para a paternidade de Deus, mas omite Cristo como o Filho vivo [...] Há fé em Deus, porém não existe nenhuma atitude de seguir a Cristo".
No que se refere à questão de levar a nossa cruz e seguir nosso Senhor, ele desenvolveu a seguinte concepção:
“Negar a si mesmo é concentrar a atenção apenas em Cristo e não mais em si mesmo; é visualizar somente Aquele que vai à frente e não mais a estrada que nos é dificultosa demais [...] o máximo que a abnegação pode dizer é: "Ele está na dianteira e mostra o caminho, fique perto dEle [...] e tome a Sua cruz" [...] Somente quando nos tornamos completamente inconscientes de nós mesmos é que estamos prontos a levar a cruz por amor a Ele. Se, no fim, apenas O conhecemos, se deixamos de dar atenção à dor de nossa própria cruz, é uma evidência de que estamos realmente prestando atenção apenas nEle. Suportar a cruz não é uma tragédia; é o sofrimento que resulta de uma exclusiva lealdade a Jesus Cristo. Quando isso acontece, não é um acidente, mas sim uma necessidade.”
Diante do que acontece no mundo de hoje, estas palavras de Berit Kjos deveriam soar como um acorde sinistro:
“Deus nos manda ter comunhão uns com os outros. Porém, num mundo corrompido, os que pertencem a Deus são freqüentemente separados daqueles que partilham da mesma fé. Muitos, hoje em dia, se encontram isolados no meio de "cristãos" nominais que não conhecem a Deus, nem desejam segui-IO. Bonhoeffer estava rodeado de pastores mornos e "cristãos" de mera tradição cultural, os quais davam apoio a Hitler. Para a maioria dos fiéis da Igreja Luterana nacional da Alemanha, segurança e riqueza se tornaram mais importantes do que a verdade bíblica e a fidelidade a Deus.”
Nos dias atuais, decorridos 64 anos desde a morte de Bonhoeffer, as pessoas amam o dinheiro, o poder, o prestígio, a posição social e uma porção de bugigangas mais do que a Deus. As Escrituras nos advertem: "Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele" (l Jo 2.15).
Na época de Bonhoeffer, as principais igrejas apoiaram Hitler; hoje, elas demonstram simpatia pelo islã. Poucas delas aprenderam com a experiência do passado.
Tragicamente, uma parte da Igreja Confessional, pela qual Bonhoeffer se sacrificou para a proteger das maldades de Hitler, resultou num movimento que, atualmente, apoia os palestinos e promove o boicote ao Estado de Israel.
Entretanto o Senhor ainda tem Seu remanescente. Ele sempre preservará uma voz que proclame a verdade. A mensagem é a mesma. O problema é que o mundo, até agora, continua a não lhe dar ouvidos.
Thomas C. Simcox
Chamada da Meia Noite – Ano 29 – nº 3
A paz do Senhor, Sidnei.
ResponderExcluirQue bom ler mais uma postagem excelente! Que o Senhor nos conceda coragem e grande sabedoria para pregarmos e vivermos o Seu evangelho. Servos valorosos como este Bonhoeffer quase não existem mais!
Oro para que você, Sidnei, continue postando, pois o seu blog é muito interessante! Você valoriza assuntos que além de nos trazer edificação espiritual, também nos ensinam a mensagem simples e poderosa de Jesus.
Deus te abençoe, irmão.
Boa tarde, gostaria de entender uma coisa.
ResponderExcluirHittler veio de um lar cristão, e em seu livro Mein Kampf diz:
Os Judeus Mataram seu própio salvador que era o Messias (Jesus Cristo), eles abominam a sua ideia socialista de mudar o mundo.
Hitler odiava os judeus pelo fato de que controlavam a economia e a cultura do seu país, mas na verdade, ele teve auxílio de muitas denominações protestantes, de luteranos, calvinistas e até mesmo anglicanos que disseminavam o nazismo pela europa.
Mas eu não quero fazer uma pergunta de história, quero saber porque os protestantes (evangélicos) da atualidade dizem ser anti-nazistas, afirmando que abominam a ideia de nazismo e mostram, com heroísmo personagens evangelistas, mas na realidade apoiaram o nazismo na europa?