Satanismo e rituais macabros no Haiti





Conhecido como vodu, a prática satânica da utilização de bonecos, agulhas e a apresentação de animais mortos como sacrifício a entidades espirituais para se alcançar benefícios era muito comum na vida dos haitianos, e esteve muito presente no dia a dia de personalidades políticas daquele país. Ainda hoje acredita-se que exista uma grande legião de seguidores e praticantes das mais diversas variações de satanismo na ilha, cuja capital foi devastada há 20 dias pelo maior terremoto de sua história.

Vitimada pelos mais diversos problemas de ordem política, social e humanitária, o Haiti despontava já antes do terremoto como a nação mais pobre das Américas, condição que foi apontada por muitos como conseqüência da abertura da ilha a rituais macabros e satânicos que fizeram parte de sua história desde sua ocupação pelos franceses, o que agrava ainda mais agora depois do terremoto de 6 graus de magnitude.

Bob Larson, renomado escritor e pesquisador de seitas, ocultismo e satanismo nos dá informações sobre a prática do ocultismo no Haiti, o envolvimento de políticos com as variações do satanismo em terras haitianas e detalhes sobre cerimônias de vodu – a principal variante do satanismo naquele país, em seu livro Satanismo, publicado no Brasil pela Editora Vida em 1994, e com edição já esgotada:

“O vodu (conhecido pelos antropólogos como vodoun, palavra africana para indicar espírito protetor) é mais do que uma religião popular. Ele tem desempenhado um papel poderoso na política haitiana. A terrível revolta de escravos haitianos de 1791, conduzida por Henri Christophe, começou numa cerimônia de vodu numa noite quente de agosto. Em troca da liberdade dos franceses, os participantes pleiteavam a aliança crescente de sua nação com Satanás. Os observadores da política haitiana perguntam se podia haver alguma veracidade no pacto. Durante anos, François Duvalier, "Papá Docc", exerceu um domínio ditatorial intimidando o populacho com seus lendários poderes de vodu. O povo comum acreditava que ele era a encarnação do Barão Samedi, o deus vodu da morte. Duvalier deu à sua força de segurança o nome de Tantons Macoutes, derivado dos lendários monstros haitianos que sequestravam crianças travessas. Para amedrontar os inimigos, Papá Doc mantinha a caveira de um rival em sua escrivaninha. Após a morte de Duvalier em 1971, Jean-Claude, "Baby Doc", assumiu o poder. Ele mudou as cores da bandeira haitiana para vermelho e preto, cores das sociedades secretas de vodu. Quando o regime de "Baby Docc" começou a desagregar-se, ele convocou os sacerdotes do vodu para ajudá-lo a controlar a inquietação”.

Sobre o florescimento do vodu como variação do Satanismo, Larson descreve suas raízes e características:

“O livro e filme The Serpent and the Rainbow (A Serpente e o Arco-íris), baseados na história de Clairvius Narcisse, deixou em alerta milhões de norte-americanos frente às realidades do vodu. Narcisse foi declarado morto no Hospital Albert Schweitzer, no Haiti, em 1962. Mas em 1980, um homem que afirmava ser o falecido Narcisse apresentou-se à irmã do morto, Angeline Narcisse. Dezoito anos atrás, ela estivera junto ao leito de morte de seu irmão. Angeline gritou espantada quando o homem usou um apelido seu de infância que apenas os membros mais próximos da família conheciam, e que ninguém havia usado desde a morte de seu irmão. O homem explicou que um irmão dele havia atentado contra sua vida por uma disputa de terras, e que um feiticeiro vodu converteu-o em zumbi depois de tirá-lo de seu ataúde. "A serpente e o Arco-íris'' sugeria que a origem do transe temporal de Narcisse havia sido uma poderosa poção. Os zumbis constituem a prática mais extrema ligada com ao vodu. O estado em questão é induzido mediante uma poderosa poção, que contém ingredientes de certa espécie de peixe e de uma determinada espécie de sapo. Os produtos químicos que a compõe incluem alucinógenos, anestésicos e outras substâncias psicotrópicas que mexem com o coração e o sistema nervoso. Os "médicos bruxos" dizem que um zumbi deve ser exumado no término de oito horas, pois de outro modo o corpo morrerá de asfixia. O zumbi é explorado como escravo depois de despertado de seu estado de intoxicação”.
 
Quanto aos rituais e cerimônias de vodu praticados no Haiti e em outras partes do mundo, Larson faz a seguinte descrição:

“As sacerdotisas (mambos) e os sacerdotes (hougans) do vodu preparam sacos de gris-gris (pronuncia-se gri-gri) para atrair amor e prosperidade. As bonecas de vodu de fato existem, mas geralmente não são usadas como fetiches. A maioria dos sacerdotes do vodu não admite praticar a magia negra, embora digam que todos os hougans devem primeiro aprender a magia negra para entender plenamente a magia branca. Conforme me explicou um sacerdote vodu, "Para desatar um nó, é preciso primeiro saber como ele está atado".

A cada crente do vodu é atribuído, desde o dia do seu nascimento, um espírito que atua como um deus guardião, supostamente protegendo e guiando a pessoa. A identidade do espírito é revelada mediante um ritual de iniciação executado por um sacerdote vodu. O relacionamento contínuo com o deus é intensamente pessoal. Uma vida boa é assegurada se o deus for bem tratado. A maioria dos praticantes do vodu reserva uma pequena parte de suas casas para a construção de um pequeno altar onde será colocada a estátua do seu deus. Apaziguam constantemente esse espírito colocando o alimento e a bebida favoritos do deus neste altar.

A finalidade de um rito vodu é convocar os loas, ou espíritos do vodu, que então se apossam de um ou mais dos congregados. Os loas podem ser amáveis se o rito de rada for usado, ou sangrentos se se emprega a cerimônia de petro. Um espírito do Grão Mestre, conhecido como Damballah, preside a todos os loas. Os pentagramas são considerados símbolos apropriados para as mulheres e a Estrela de Davi para os homens”.

Larson esteve no Haiti para acompanhar uma sessão de vodu, e faz as seguintes descrições:

“Numa noite em Porto Príncipe, Haiti, tive a oportunidade de presenciar uma autêntica cerimônia vodu. A lua cheia brilhava sobre a noite calma e abafada. Quando cheguei, o principal sacerdote vodu convidou-me para assentar-me na primeira fila. Esperei por mais de uma hora até que vários homens começaram a bater em tambores de estilo africano, criando uma batida constante para marcação do ritmo. Depois chegaram os participantes do cerimonial. Passaram a dançar erótica e freneticamente de acordo com os ritmos, e aos poucos foram perdendo suas inibições. Um dançarino e uma dançarina simulavam atos sexuais.

Um a um, os dançarinos se foram tornando possessos à medida que a noite se aproximava de seu ponto alto. Os haitianos, para referir-se a um celebrante vodu que esta possuído, dizem que está "dominado como um cavalo", literalmente "montado" pelo deus. A pessoa perde o controle motor e cai naquilo que se assemelha a um ataque cataléptico. Depois, pode executar atos aparentemente paranormais.

Um homem negro e grande, escolhido para dirigir o ritual, entrou num pequeno fogo construído no centro. A seguir apanhou um pedaço de lenha em brasa e colocou-o na boca, engolindo as chamas. Ele deu uma mordida na extremidade da madeira, arrancando-lhe um pedaço, e lentamente mastigou as brasas incandescentes sem nenhuma dor aparente ou bolha. A seguir tomou uma dúzia de alfinetes de quase oito centímetros de comprimento e perfurou as bochechas; os alfinetes ficaram ali, fazendo-o parecer uma almofada humana.

Finalmente o homem pegou um copo vazio, deu-lhe uma mordida tirando-lhe um canto, mastigou o vidro e o engoliu. Durante todo o tempo eu me mantive a um metro e oitenta centímetros de distância, tirando fotos e controlando cuidadosamente cada parte do ritual a fim de observar atento qualquer truque. Para concluir a cerimônia, os demais participantes dançaram selvagemente durante, pelo menos, uma hora até que o dirigente torturado entrou num transe profundo e foi levado embora.

O restante da cerimônia foi devotada ao sacrifício de animais, ao ato de comer pombas e frangos vivos. A parte mais interessante foi o apaziguamento final dos deuses do vodu. O sacerdote ajoelhou-se com uma tigela de pó. Tomando uma pequena quantia de pó nas mãos, ele aos poucos deixou o pó cair de entre os seus dedos, criando um desenho complicado no chão.

Ao ver o olhar perplexo em meu rosto, o sacerdote explicou: "Estou criando um símbolo para invocar Água, a deusa que controla esse elemento". Ele apontou para o céu claro acima dele. Poucos segundos depois de o sacerdote haver terminado seu trabalho ritualístico, um trovão explodiu com um rugido ensurdecedor, e um raio caiu a poucos metros de distância. De repente um aguaceiro torrencial caiu sobre nós. Enquanto reunia rapidamente meu equipamento fotográfico a fim de protegê-lo da chuva, o sacerdote vodu sorriu para mim e disse: "Não fique surpreso. Água sempre anuncia dessa maneira a sua chegada!"

Ainda de acordo com Larson, o vodu haitiano era praticado por adolescentes norte-americanos no final da década de 80 não como religião, mas como um ritual de realização de desejos, no qual diversos elementos do culto haitiano eram repetidos, tais como a utilização de bonecos representando pessoas ou partes do corpo de uma pessoa. Larson descreve em seu livro que conversando com adolescentes praticantes do ritual descobriu que os mesmos utilizavam até mesmo cachos de cabelos, unhas e até mesmo peças do vestuário para realização de trabalhos contra vidas de inimigos com a finalidade de desforrar-se por um desentendimento qualquer, solicitando às entidades espirituais que os fizessem mal ou mesmo para tirar suas vidas. Outros até matavam cães e gatos para depois os oferecer em sacrifício de apaziguamento das entidades espirituais pelo derramamento de sangue, com a finalidade de realizar desejos íntimos.

Os esforços humanitários e políticos, embora lentos em sua propagação, estão chegando as vítimas da maior tragédia já no começo deste ano. Nosso desejo e que os haitianos possam ser alcançados o mais rápido possível pelos esforços empregados por diversas nações solidárias, e que em sua reconstrução os haitianos despertem-se para a liberdade que há em Jesus Cristo, desfazendo-se das amarras do adversário de suas almas.


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